Cuidado amanhã

Mundial2006: Jogo de risco para portugueses, campeões em ataques cardíacos

Lisboa, 04 Jul (Lusa) - O jogo de futebol Portugal-França,quarta-feira, é de alto risco para o coração e os especialistasrecomendam que os portugueses se contenham no consumo de álcool etabaco e evitem a cólera e a raiva, em caso de derrota.

Campeões europeus de doenças cardiovasculares, com cem mortespor dia, os portugueses sabem quarta-feira se vão à final do Mundialde Futebol, que se disputa na Alemanha.

Tendo em conta que esta partida é decisiva para a continuidadede Portugal neste Mundial, o presidente da Fundação Portuguesa deCardiologia (FPC), Manuel Carrageta, recomenda alguma contenção e,principalmente, que os portugueses saibam aceitar o resultado.

Os adeptos - que vão seguir o jogo pela televisão - devemevitar o consumo de álcool e o tabaco e aproveitar o intervalo dapartida para darem um pequeno passeio "para descontrair", disse. O especialista recomenda que o jogo seja acompanhado por umarefeição ligeira, de forma a aliviar o coração, já sobrecarregadopelas emoções futebolísticas.

Manuel Carrageta está, contudo, mais preocupado com osresultados do jogo e a atitude dos portugueses em relação a estes.

"É muito importante que a pessoa tenha a consciência de que setrata apenas de um jogo e, em caso de derrota, entenda que a equipa jáfoi brilhante ao chegar às meias-finmais", afirmou Manuel Carrageta.

De acordo com o cardiologista, a cólera e a raiva são "emoçõesinimigas do coração" e devem, por isso, ser evitadas.

Alguns estudos revelam que a euforia faz bem ao coração, masque a ira em caso de derrota pode traduzir-se em episódios cardíacos,adiantou.

Ao longo do jogo, os adeptos devem ainda recorrer a exercíciosde relaxação, respirando de uma forma mais profunda.

Desta forma, os portugueses podem evitar o cenário registadoem 2002 na Suiça, durante o último Mundial de Futebol (disputado naCoreia e no Japão), em que o número de mortes por ataque cardíacoaumentou mais de 50 por cento.

De acordo com um estudo revelado durante o Congresso daSociedade Europeia, um ano após o Mundial de 2002, intitulado "Verfutebol e morrer?", o número de mortos por ataque cardíaco registadodurante o campeonato foi superior em 65 por cento do que o assinaladono ano anterior.

O estudo adianta que os ataques cardíacos resultaram do stressque se pode registar ao assistir a uma partida de futebol na televisão.

De acordo com a investigação, as mortes por ataque cardíaco,registadas no período do Mundial 2002, foram essencialmentemasculinas.

As doenças cardiovasculares são as que mais matam eincapacitam em Portugal, contando anualmente com mais de 40 mil mortose sendo responsáveis por 90 por cento dos incapacitados de longaduração, segundo dados da FPC.

SMM.
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